quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

me pala bas

pra bom entendedor
meia palavra basta
pra bom caçador
uma caça
pra bom pescador
uma rede
pra uma construção
meia parede (basta)
para o violão
o acorde
para uma canção
um poema

mas pra que dizer
o que estava escrito
pra que contar
se era infinito
é como acordar
num sonho bonito
como sufocar esse grito

pra bom entendedor
meia palavra basta
pra bom caçador
uma caça
pra bom pescador
uma rede
para uma construção
meia parede
para o violão
o acorde
para uma canção
um poema

pra ir na contramão
seguir em frente
pra sofrer da razão
basta ser diferente
pra ter emoção
é só dizer
é só olhar
é só ouvir

difícil perceber que
pra bom entendedor
meia palavra basta

pra bom ente
me pala bas
me pala bas

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

4ever

às vezes escrevo
às vezes escravo
às vezes escracho
às vezes escarro

às vezes decido
às vezes declaro
às vezes demito
às vezes delato

às vezes respiro
às vezes reparo
às vezes retiro
às vezes relato

às vezes bloco
às vezes choco
às vezes troço
às vezes traço

às vezes encontro
às vezes perdido
às vezes tumulto
às vezes exílio

às vezes soluço
às vezes vomito
às vezes de bruço
às vezes delito

às vezes choro
às vezes morro
às vezes ando
às vezes corro

às vezes um dia
às vezes um ano
às vezes pileque
às vezes sonhando

às vezes pra sempre
pra sempre até quando
se quando vai indo
vai indo e voltando

terça-feira, 11 de setembro de 2007

ilha

vou
ao mar aberto
destino certo
de quem
enfrenta a vida
de peito aberto

destino certo
o mar aberto
é algo mais
pra quem
vê a vida
de olho aberto

ir
rumo ao deserto
de si
não satisfaz
prazer
de encontrar
o mar
em si
salgar a pele
curtir
a alma
e
sorrir

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

porrada

o aniversário é seu
mas sou eu
quem envelhece
meus cabelos
grisalhos
cada dia mais
brancos
minha pele
pêssego
ficando mais
flácida
os seios
túrgidos
os olhos
úmidos
vc comemora
e eu encho a cara
cheia que estou
dessa vida
desta dívida
que sempre sobra
porque talvez
beber conserve
uma certa
adolescência
talvez porque
confundir-se
seja um ato
solitário

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

aplicação

a palavra é de prata
o silêncio é de ouro
a palavra basta
o silêncio é puro
a palavra é traço
o silêncio é rumo
a palavra o máximo
o silêncio é duro
a palavra é ácida
o silêncio um muro
a palavra é tácita
o silêncio é turvo
a palavra é clara
o silêncio escuro
a palavra estraga
o silêncio ajuda
a palavra fala
o silêncio mudo
a palavra - nada
o silêncio - tudo

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

oceano

minha amiga mora longe
e eu lhe escrevo versos
poemas e cartas

minha amiga mora em mim
e a distância parece menor
se a saudade se desfaz
em lembranças

minha amiga mora ao lado
na rua de baixo
num sufoco
confesso
minha fragilidade
no despejo das lágrimas
abro um sorriso

minha amiga chegará
ao cair da tarde
para tomar chá
andaremos pela paisagem
descalças
as mãos dadas
feito a infância
um brilho nos olhos
persistente

minha amiga mora longe
e não importa
todos os dias existem
para tornar o reencontro
das nossa mãos antigas
o presságio do futuro
um instante único
interessante pressuposto

minha amiga mora sempre
dentro e fora do meu coração

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

manhãs

um sono eterno me consome
ópio que me percorre as veias
thc em doses fatais
aos neurônios

estranhas sensações
mania de perseguição
pânico paranóia
buraco de ozônio na memória

raio que me atinge em transe
pura inspiração de éter
leio os poemas de pessoa
o naufrágio das civilizações
em episódios históricos

quão humana e desumana
essa fragilidade evolutiva
qual será o próximo passo
do nosso plano

rumo a esse desencontro
encontro que perdura
nessa loucura ínfima
impune-se o poeta
impõe-se o alumbramento

uma névoa sempre esconde
e releva a realidade